Claudão, o homem do povo

claudão

DORNELAS, E. S.

Julho, Edição 07, 2016

Ao pronunciar a palavra ‘Itaperuna’, alguns nomes surgem em minha memória de maneira muito especial, certo de que são pessoas que contribuíram e/ou contribuem de forma muito significativa com o crescimento do município. O padre Humberto Joseph Lindelauf e o médico Renam Catharina Tinoco são personagens da nossa história e, recentemente, receberam homenagens através do Projeto Personalidades. Outros dois importantes nomes que marcaram a nossa história, Cláudio Cerqueira Bastos, o popular Claudão; e Péricles Ferreira Olivier de Paula, o Dr. Péricles; passam a fazer parte do Projeto Personalidades.

E, neste instante, rendemos nossas homenagens ao eterno Claudão, o homem do povo…

Tive o prazer de trabalhar com o Claudão e me lembro com carinho de uma série de situações, como no dia em que fomos até à sua estátua, para fazer umas fotos para um renomado veículo de comunicação. Levamos algum tempo para fazer a foto, por que todos que passavam de carro pela ponte, paravam ou diminuíam a velocidade, a fim de cumprimentar o então prefeito (início do seu último mandato).

Outra lembrança marcante foi na ocasião do funeral do saudoso político. Tive a sensação de que participava da história do município… Eu estava ali, registrando tudo. Um dia completamente atípico e muito triste. Por um instante, senti-me honrado ao ver o senador Marcelo Crivella citar parte do meu texto “Não há Claudão sem Itaperuna, não existe Itaperuna sem Claudão”… Momento em que morria o homem e, nascia o mito.

Dentre as obras assinadas pelo “homem do povo”, o calçadão da Avenida Cardoso Moreira, que na época de sua construção, muitos diziam ser loucura, pois naquela ocasião, Itaperuna não tinha muitos carros. Claudão estava com os olhos fixos no futuro. O monumento ao Cristo Redentor é outra importante obra no município, cuja atuação de Claudão foi determinante.

Outras obras ‘assinadas’ por Claudão estão espalhadas pela cidade, como por exemplo, o ‘corte de pedra’ da Rua General Osório, que possibilitou considerável melhoria no trânsito itaperunense. A conhecida ponte, que liga o Centro aos bairros Fiteiro e Niterói, local onde há uma estátua de Claudão é outro exemplo do legado dele.

O Clube Renascença, a sede social da Associação Atlética Banco do Brasil (AABB), a instituição da Sociedade Musical Itaperunense e a construção da arquibancada do Estádio Jair Bittencourt são algumas da herança deixada por Claudão, para o município de Itaperuna.

Nasceu no distrito de Comendador Venâncio, em 24 de janeiro de 1919. Começou a trabalhar ainda adolescente, ajudando o pai em uma padaria. Também trabalhou como auxiliar de farmácia, vendedor em loja, funcionário na Estrada de Ferro Leopoldina e, posteriormente, no Banco do Brasil. Somente após a sua aposentadoria é que decidiu se dedicar à vida política, tornando-se prefeito de Itaperuna em três oportunidades.

Claudão faleceu no dia 16 de janeiro de 2011, a poucos dias de completar 92 anos. Era o segundo prefeito em exercício mais idoso do Brasil, perdendo em idade apenas para o imigrante japonês Susumo Itimura, prefeito de Uraí, no Paraná, que tinha 92 anos naquela época. Claudão foi casado por mais de 50 anos com Dona Maria José Machado (Dona Zezé). Teve três filhos e na ocasião de sua morte deixou sete netos e um bisneto.

Prestamos esta singela homenagem ao eterno ‘homem do povo’, que segue imortal, acenando para a cidade, na ponte, uma de suas marcas preferidas, afinal, “ponte liga as pessoas umas às outras”, disse ele em certa ocasião.

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