DORNELAS, E. S.
Maio, Edição 17, 2017
Itaperuna, RJ – O Projeto Personalidades, idealizado pelo escritor e jornalista Eusébio Dornellas, recorreu a um trabalho recente a fim de prestar suas justas homenagens a Maria Aparecida Meireles de Paula.
Há menos de um ano, fui convidado pelo Sincomércio e B2B Empreendimentos a participar do projeto “A importância do comércio de Itaperuna para o desenvolvimento da região”, cujo resultado final foi apresentado em totens, que ficaram expostos durante a Festa de Maio do ano passado. A ideia era também criar uma revista, mas, não foi possível naquele momento devido ao fator tempo.
Durante o trabalho de campo tive o imenso prazer de conversar com Maria Aparecida Meireles de Paula, na época, com 82 anos, esbanjando simpatia e muita determinação no trabalho. Conversamos durante uma hora, nas dependências do Restaurante Meireles. Ela se dividia na entrevista, bem como nas tarefas que estava realizando. Impressionou-me a forma como ainda trabalha, além é claro, da disposição como realizava suas tarefas.
Ao olhar atentamente a História da região Noroeste Fluminense, percebe-se que o comércio de Itaperuna, sem sombras de dúvidas, colaborou significativamente com o desenvolvimento da região e, o Hotel Meireles, tem sua parcela de contribuição para com a cidade e região.
Durante a nossa conversa fizemos uma viagem no tempo, quando ela se lembrou de como eram as brincadeiras de crianças em seu tempo de menina. “Os vagões ficavam parado na antiga Cardoso Moreira e a gente brincava de pique e se escondia nos vagões, brincava de roda”, conta.
Em relação ao Hotel Meireles, lembra-se com detalhes do início de tudo. “Papai, José Maria de Abreu Meireles, era administrador de propriedade. Depois veio para Itaperuna, onde comprou o Grande Hotel em sociedade com o irmão, por 12 contos de réis, por volta de 1941. Depois papai vendeu a parte dele no Grande Hotel. Um tempo depois ele foi para o Hotel dos Viajantes, que já existia, e comprou, não o prédio, o negócio. Depois ele comprou o Hotel Meireles, que era um andar só, bastante velho, isso nos meados dos anos 40. Papai era um hoteleiro nato”, recorda-se ela.
Dentre as lembranças destacadas por Maria Aparecida Meireles de Paula, encontra-se o ‘expresso’. “Era como papai chamava o trem. Ele ficava esperando o expresso chegar, para servir a janta, por que as pessoas que chegavam na cidade, desembarcavam aqui em frente [Hotel Meireles] e vinham para jantar e dormir”.
Além do ‘expresso’, ela destacou o ‘passeio na avenida’ como uma de suas lembranças favoritas. “O padre Humberto Lindelauf gostava de fazer o passeio, ele colocava as mãos para trás e dava uma volta pela avenida. Já os rapazes ficam vendo as moças passear”, lembra.
Sem dúvida alguma o Hotel Meireles foi e continua sendo de fundamental importância para o município. Uma empresa familiar que dignifica a história da nossa cidade.
Não há como negar a importância do comércio para o desenvolvimento do município de Itaperuna e região Noroeste Fluminense, haja vista, o quê a cidade representou e continua representando para todos. Também é de suma importância valorizar o quê esses HERÓIS DA RESISTÊNCIA fizeram e continuam fazendo pela cidade.
Os tempos são outros, onde uma série de benesses estão ao alcance, proporcionando facilidades, que os comerciantes do passado sequer podiam imaginar. Também existem dificuldades, muitas, como a alta carga tributária, por exemplo, mas, parafraseando Euclides da Cunha em ‘Os sertões’, “o comerciante é, antes de tudo, um forte”.
Esse é o pensamento que norteia a vida daqueles que se dedicam à arte do comércio e, buscam nele – comércio – muito mais do que dividendos, mas, uma razão de vida, algo que seja significativo e quiçá, eterno. Parabéns a Maria Aparecida Meireles de Paula! O Hotel Meireles é motivo de orgulho para todos os itaperunenses!!!