O Raio de Sol em minha vida

DORNELAS, E. S.

Julho, Edição 19, 2017

Itaperuna, RJ – Dizem por aí que há pessoas iluminadas, gente que tem sorte… É bem provável que haja, mesmo… Existem também pessoas que, através de muito trabalho, perseverança e dedicação, conquistam um “lugar ao Sol”, como diz o ditado popular… Uma das poucas certezas que se pode ter nesta vida é que, geralmente, uma vida atrelada ao sucesso, depende de muito trabalho e não do simples acaso.

O Projeto Personalidades, idealizado pelo escritor e jornalista Eusébio Dornellas, foi atrás de uma personalidade que nunca teve facilidades na vida, pelo contrário, lutou muito para conquistar o ‘seu raio de Sol’ – perdoe-me pelo trocadilho – e certamente o conquistou. 

São muitas as pessoas que conhecem o Jardim Escola Raio de Sol – CEM (Centro Educacional Múltiplo), localizado no Bairro Vinhosa, com infraestrutura de qualidade, atendendo a mais de 500 alunos do Maternal ao 9º ano do Ensino Fundamental, com uma equipe multidisciplinar composta por 46 profissionais, de excelência, diga-se de passagem.

Toda essa estrutura com três andares, 17 salas de aulas, brinquedoteca, sala de ponto, sala de professores, cozinha para professores, amplo espaço de lazer, quadra esportiva, playground e muito mais, tudo isso é bastante conhecido. A qualidade dos professores e a metodologia adotada pela escola também é de conhecimento de muitos.

Entretanto, são poucos aqueles que conhecem o início de tudo isso… E, hoje, nós vamos contar um pouco dessa história.

O Projeto Personalidades rende suas homenagens a Izabel Cristina Vieira Jardim Magalhães, profissional que se dedica à difícil arte de ensinar, responsável pelo Jardim Escola Raio de Sol – CEM (Centro Educacional Múltiplo), instituição de ensino muito respeitada na cidade.

Essa história começa lá no início da década de 1980, quando nossa personagem era adolescente. “Eu ainda não havia me formado como professora. Mesmo assim, uma senhora me pediu que eu desse aula de reforço para o filho. Nessa época eu passei a atender a alunos desde a alfabetização até o que hoje seria o 9º ano. As professoras do Luiz Ferraz [Colégio Estadual Luiz Ferraz] gostavam de mim e faziam propaganda sobre o meu trabalho. Eu atendia mais o pessoal do bairro, mas, também tinha alunos de escolas particulares”, relembra.

As aulas particulares de reforço foram de 1981 a 1987. Depois, Cristina trabalhou no Instituto de Ensino Leíde Ribeiro Dutra, onde permaneceu até 1994.

INÍCIO: APENAS OITO ALUNOS

Quem conhece o dia a dia agitado da escola, atendendo a mais de 500 alunos, talvez tenha dificuldade em imaginar o começo, lá em 1994, com apenas oito alunos, que ocupavam os cômodos da residência da professora Izabel Cristina, Tia Cristina, como as crianças a tratam até os dias de hoje.

Pouco tempo depois ela alugou uma casa ao lado da sua residência e a turma, havia crescido. Agora eram 12 alunos. “Em 1997 fui para uma outra casa um pouco maior, para atender a 36 alunos. Nós estávamos crescendo e precisávamos de mais espaço. Em 2000 nos mudamos para um prédio. A gente utilizava os dois primeiros andares como sala de aula e o terraço ficava disponível para recreio, atividade cultural, reuniões e festividades em geral. Nessa época atendíamos a mais de 100 alunos”, diz.

Ter que adaptar o espaço de residências às necessidades de uma escola, foi algo que sempre incomodou a educadora. “A adaptação do espaço me incomodava, pois, era uma casa transformada em escola. Em 2003, conseguimos alugar uma casa maior, mais ampla, com pátio e uma boa área verde. Mas, ainda era uma casa e não uma escola”, menciona Cristina.

O ENDEREÇO DEFINITIVO

Dentre as sugestões que ela sempre ouviu, a necessidade de ter um espaço próprio foi mencionada por pais de alunos, professores e amigos, em diversos momentos. “Num determinado dia, um amigo chegou na escola e me disse que havia arrumado um lugar para eu comprar. Em 16 de outubro de 2005, conheci o espaço”.

Ainda havia mais dois meses de aluguel a ser pago no local onde funcionava a escola e o tempo para reformar o novo espaço era escasso. “Nós não tínhamos todo o dinheiro. Tínhamos um carro que conseguimos vender rapidamente, o que nos proporcionou o negócio. O restante nós pagamos durante todo o ano seguinte, a começar em janeiro”, diz.

As obras da reforma começaram em 19 de dezembro. “E nós não tínhamos nenhuma matrícula. Era difícil acreditar que conseguiríamos arrumar a escola a tempo. Chovia muito naqueles dias, tinha dia que os pedreiros não tinham o quê fazer. Mesmo com essas dificuldades conseguimos preparar sete salas e em 12 de fevereiro de 2006, começamos a trabalhar aqui, neste endereço”.

Como as reformas aconteceram em um curto espaço de tempo, obviamente o tempo não foi suficiente para terminar os arremates. “O piso, por exemplo, não tinha dado tempo de fazer. Depois que as aulas começaram, nós vínhamos aos finais de semana trabalhar junto com os pedreiros. Eu e o Paulo, meu marido, fizemos o rejunte do piso”, lembra.

E as obras não param… “No ano seguinte começamos a fundação para construir o segundo andar. Daí em diante, todos os anos temos duas etapas de construção, justamente no período de férias”, revela. Outro projeto em andamento é a construção de um auditório, que está sendo cuidadosamente projetado.

ENSINO MÉDIO

O Jardim Escola Raio de Sol – CEM (Centro Educacional Múltiplo) é um espaço tão aprazível para o aluno, que ao término do 9º ano, a pergunta mais frequente ouvida pelos corredores da escola é se haverá o Ensino Médio. “Ainda não é o momento, mas, é uma possibilidade que pode vir a acontecer no futuro. Assim também como eu tenho a visão de um berçário. Eu tenho vontade de montar esse espaço, no entanto, por enquanto, não é chegada a hora”, reforça a educadora.

Formada em Pedagogia, com especialização em Gestão Escolar, a detalhista Cristina, prima pela transparência e simplicidade em seu dia a dia. “Transparência e simplicidade são questões fundamentais em minha vida. Valorizo também a aprendizagem e o conteúdo, a criança precisa aprender. E não estou falando de decoreba, mas, precisamos valorizar as atividades, fazer o aluno querer. Essa valorização tem que sair daqui de dentro da escola, nós valorizamos o aprendizado, o aprender fazendo”, reforça.

FAMÍLIA

Os filhos Diego e Chrissia Magalhães, além do marido Paulo, são os companheiros inseparáveis de Cristina, principalmente quando o assunto é trabalho. Durante a entrevista, por diversas vezes, ela mencionou os nomes dos filhos e do marido, que estavam desempenhando suas funções em prol da escola.

E, ao final da entrevista, ela revelou um dos ingredientes para o sucesso da escola, a parceria escola-família. “Educação é uma difícil missão e nós enfatizamos a parceria escola-família. Nós valorizamos o diálogo e prezamos muito a família. Escutamos os pais, alunos e professores. Somos um time e tudo é feito pensando no melhor para as crianças e adolescentes. Além disso, eu posso contar com uma equipe maravilhosa, que caminha junto. Tudo isso nos leva a proporcionar uma educação diferenciada”, finaliza.

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