Alexandre Guerreiro: o algoz do poderoso Flamengo

DORNELAS, E. S.

Outubro, Edição 34, 2018

Itaperuna, RJ – Logo após a publicação do texto “O craque da Seleção e do Milan que esbanjou categoria em Itaperuna”, referindo-se ao ex-jogador de futebol Sérgio Cláudio dos Santos, o Serginho, o site Itaperuna News recebeu centenas de elogios sobre a homenagem e, muitas dessas mensagens, solicitaram outras matérias sobre o saudoso futebol de Itaperuna.

Atendendo a todos esses pedidos, o Projeto Personalidades, idealizado pelo escritor e jornalista Eusébio Dornellas, foi atrás de uma das mais belas histórias do futebol itaperunense e, desde já, rende suas homenagens ao atacante Alexandre Rocha, o Alexandre Guerreiro.

Guerreiro não era craque, no entanto, fazia jus ao apelido. Valente, não desistia de nenhuma jogada e, fazia gols, muitos gols. Dentre eles, talvez os mais importantes de toda a sua carreira, os gols contra o todo poderoso Mengão, no final da década de 1980.

Recentemente um dos profissionais da equipe do Globo Esporte, Rodrigo Araújo, entrou em contato comigo, solicitando informações sobre ex-jogadores do antigo Porto Alegre que atuaram nos jogos contra o Flamengo, em 1987 (Porto Alegre 2 x 0 Flamengo); e em 1989, quando a equipe local venceu o esquadrão do craque Zico, por 3 a 1. Logo depois o Globo Esporte apresentou essa história no quadro “Grandes Zebras do Futebol Carioca”.

Lembro-me de alguns lances daquelas partidas, afinal, eu estava lá… Garoto, com os olhos fixos nos craques do Flamengo, deparei-me com um Alexandre Guerreiro, mais guerreiro do que nunca, buscando mostrar o seu valor e ajudando a equipe do Porto Alegre a derrotar os craques do Flamengo.

Em 11 de março de 1987, havia uma grande expectativa na cidade, pois, era a primeira vez que o time do Flamengo jogaria em Itaperuna. Na época, muito disse me disse, muita polêmica em torno da não vinda do Zico, inclusive, falava-se de certa entrevista que o Galinho teria concedido, dizendo que não jogaria na cidade das bananeiras, ou bananal, algo do gênero. Nunca vi tal entrevista e acredito que tenha sido apenas boato, mas, serviu para acirrar os ânimos ainda mais.

Naquele dia o Flamengo entrava em campo com Zé Carlos, Jorginho, Leandro, Mozer e Aírton; Andrade, Adilio (Sócrates) e Aílton; Renato, Kita e Zinho. No comando técnico, Sebastião Lazaroni. Já o Porto Alegre atuou com Almir, Luis Gustavo, Zé Carlos, Deo e Júlio; Nelson, Áureo e Biro-Biro; Cid (Cacaio), Alexandre e Adãozinho, sob o comando de Gildo Rodrigues.

Na geral, atrás do gol que fica na direção do Hospital São José do Avaí, estávamos eu, meu pai e meu irmão, rodeados de milhares de pessoas, todos querendo ver o Flamengo. Na preliminar, um certo Alcindo, ponta muito habilidoso, havia acabado com a partida dos juniores. Se não estiver enganado, 4 a 2 em cima do time local. Era o anúncio de que na partida principal, a goleada também aconteceria. Bem, esse era o pensamento de muitos no Estádio Jair de Siqueira Bittencourt, o Jairzão. Na geral, a galera dava como certa a vitória do Flamengo.

Lembro-me perfeitamente de algumas frases dos ‘geraldinos’, dentre elas, “olha só os caras, fulano, quando começarem a tocar a bola, o Porto Alegre vai ficar no bobo”, dizia um torcedor. Outro disse o seguinte: “olha lá o dotô, estamos fud****”, referindo-se ao Sócrates, que entrou no segundo tempo. Eu, como talvez os mais de 10 mil presentes no Jairzão, tínhamos a certeza da vitória do Flamengo.

E o improvável aconteceu. Alexandre Guerreiro abriu o placar aos 25 minutos do primeiro tempo. E, no segundo tempo, aos 11 minutos, Adãozinho fechou o placar. Até “olé” o Flamengo levou. Um dia que entraria para a história do futebol de Itaperuna.

Mas, o futuro reservava outra grande surpresa…

Em 03 de maio de 1989, minutos antes da partida, eu estava em campo, acompanhado do então técnico do júnior do Porto Alegre, o amigo Pintinho. Na época, com 12 anos, eu só queria vez o Zico de perto. E, lembro-me como se fosse hoje… O Jairzão lotado e quando o Galo pisou em campo, meu Deus! Mais de 200 pessoas em volta do cara, impossível sequer vê-lo direito. O som que vinha da galera, simplesmente fantástico. Uma experiência inesquecível!

O Flamengo foi a campo com Zé Carlos, Jorginho, Aldair, Zé Carlos II e Leonardo; Ailton, Renato (Sérgio Araújo) e Zico; Alcindo, Bebeto e Zinho. O técnico, nada mais, nada menos do que o mestre Telê Santana. O Porto Alegre jogou e venceu pelo placar de 3 a 1, com Almir, Ronaldo, Zé Carlos, Jair e Toninho; Januário, Pestana e Gilmar (Alcer); Café, Alexandre e Douglas (Nem). Alcindo marcou para o Flamengo. Gilmar marcou duas vezes para o Porto Alegre e, mais uma vez, Alexandre Guerreiro deixava o dele contra o Mengão.

Novamente, o futebol de Itaperuna ecoou em todo Brasil, enchendo os itaperunenses de orgulho, até mesmo os flamenguistas da cidade. Ter o Porto Alegre e posteriormente o Itaperuna Esporte Clube na elite do futebol carioca foi algo apaixonante. Momentos mágicos que ficarão na lembrança de torcedores e ex-atletas, que defenderam tão bem as nossas cores.

O site Itaperuna News presta esta singela homenagem ao grande Alexandre Guerreiro, que honrou a camisa do Porto Alegre e do Itaperuna Esporte Clube. Você, Guerreiro, estará sempre na memória de nós, torcedores, saudosos amantes do futebol de outrora. Obrigado por fazer parte da história do nosso município!

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