Um pouquinho da história do educador Sylton Freitas

DORNELAS, E. S.

Fevereiro, Edição 26, 2018

Itaperuna, RJ – O Projeto Personalidades, idealizado pelo escritor e jornalista Eusébio Dornellas, passa a narrar neste instante um pouco da história do educador Sylton Freitas, que desde muito cedo, ainda lá na Fazenda da Floresta, em Retiro do Muriaé – onde nasceu – já dava os seus primeiros passos rumo a uma vida pautada na Educação.

– Lembro de que a fazenda era muito grande, tinha um comércio, um armazém. A família tinha essa preocupação com a Educação, tanto os avós maternos, quanto paternos, todos eles se preocupavam com isso e desde cedo havia essa valorização pelo aprender – comenta Sylton.

Sylton é filho de Clóvis Moreira de Freitas e Lindalva Soares de Freitas. Neto do ex-prefeito de Itaperuna, José Garcia de Freitas Filho.

– Papai estudou Contabilidade em Juiz de Fora, na Academia de Comércio. Mamãe, professora, foi diretora da Escola Típica Rural de Itaperuna, onde hoje é a Escola Municipal Jardim de Infância Maria Madalena Magacho dos Santos – recorda.

Na década de 1960, a família saiu do distrito e se estabeleceu na cidade, época em que o pai, Clóvis, em sociedade, cria a Casa São José. Logo em seguida, Clóvis adquiriu a parte do sócio.

– Nessa época eu estudava na Escola Típica Rural de Itaperuna. Depois que estudava de manhã, eu tinha que levar a comida do funcionário do papai. Aí eu vinha, ficava na loja para o papai almoçar em casa. Eu fazia o trajeto de bicicleta, carregando um embornal de crochê – diz com ar saudosista.

O educador relembrou os momentos de ansiedade na época em que fez os exames de admissão para ingressar no Colégio 10 de Maio.

– Era como se fosse um vestibular e muito difícil. Em 1964 fiz o exame de admissão, entrando para o Colégio Estadual Marechal Deodoro da Fonseca, onde cursei o Ginásio. Na verdade o Ginásio Marechal Deodoro da Fonseca era integrado ao Colégio Estadual 10 de Maio – explica.

Época em que os estudantes tinham Práticas Agrícolas, através de parceria com a EMATER.

– A gente ainda ajudava a vender a produção. Vendia na comunidade e também para as quitandas. Nessa época de Ginásio, também ajudava meu pai no comércio, fazendo a movimentação de banco, realizando entrega e à tardinha, quando dava, batia uma pelada no campo do Miguelzinho, onde hoje é o Banco do Brasil – relembra.

A RODOVIÁRIA É ALI… E O CONHECIMENTO TAMBÉM…

Em 1969 ele foi para Niterói cursar o segundo ano Científico no Instituto GayLussac. O garoto do interior, acostumado com as coisas e a vida do interior, de frente com uma realidade completamente diferente da que estava acostumado.

– Foi um desafio… Eu morava com meus pais e de repente… Quem me levou para Niterói foi meu avô e me disse o seguinte: aqui é onde você vai morar, aqui é onde você vai estudar e ali é a rodoviária. E me deixou. Aí, eu tive que me virar – conta Sylton.

E se virou. Foi em busca de conhecimento e buscou beber das melhores fontes possíveis. Também passou por dificuldades, no entanto, não poderia desistir.

– O aproveitamento de conteúdo foi um grande divisor de águas da minha vida. Tive algumas dificuldades financeiras, muita limitação. Nunca passei fome… Só ia pra casa duas, três vezes por ano. Nem telefone a gente tinha. Era muito difícil.

O primeiro vestibular veio acompanhado do sonho de menino, que desejava ser marinheiro, viajar pelo mundo, conhecer povos e culturas diferentes.

– O primeiro vestibular eu perdi. Foi pra Escola Naval… Eu queria viajar o mundo, bom salário, era o sonho de menino do interior. Queria ter independência financeira, ser diferente, não queria ser médico nem engenheiro. Queria ser marinheiro.

E veio o segundo vestibular. Novamente para a Escola Naval.

– Não consegui pontuação suficiente para a Escola Naval, mas, para Geografia, sim, na UFF. Depois que me formei fui estagiar na Companhia Brasileira de Energia Elétrica, trabalhando na Assessoria de Planejamento Estratégico, isso foi mais que uma faculdade, foi um aprendizado sem precedente. Esse trabalho me motivou a fazer um mestrado em Planejamento Urbano e Gestão Regional, na UFRJ.

Sylton Freitas abriu mão de uma carreira na Companhia, para abraçar a carreira acadêmica. No ano de 1976 passou a lecionar para os cursos de Administração e Economia, na Universidade Católica de Petrópolis.

– Foi também um período bastante difícil. O mestrado exigia dedicação exclusiva. Eu saia 5h da manhã para a UFRJ, e nos dias de aula em Petrópolis, chegava 1h da manhã em casa. Na verdade eram dois dias trabalhando em Petrópolis, e ainda trabalhava dois dias em um colégio na Tijuca.

O ROTORNO

O ano de 1979 foi marcante para Sylton e toda a família. Naquela época o pai foi diagnosticado com a doença de Parkinson.

­– Havia poucas perspectivas que ele continuasse no trabalho. Trabalhei com ele durante as férias. Nesse intermédio eu já estava casado, minha esposa estudava na parte da manhã, e ministrava aulas no curso Técnico de Enfermagem. Ainda aconteceu um assalto no apartamento em Niterói. Pronto… Fechei tudo lá e vim embora.

Deixando inclusive, o mestrado para trás…

Em Itaperuna, além de ajudar o pai no comércio, continuava no setor de Educação. Fez concurso para o Magistério e como não tinha vaga para Itaperuna, foi lotado em São José de Ubá.

– Posteriormente fui chamado para trabalhar na Fundação São José, em 01 de agosto de 1980, ficando até 1982. Tive que abandonar a Fundação por que, como professor, havia a necessidade de mais tempo de dedicação. Não podia ser professor, pesquisador e comerciante. Aí eu abracei o comércio. Ainda fui diretor da CDL e da Associação Comercial.

Mesmo assim, o sangue da Educação corria pelas veias. E ele continuava trabalhando no setor educacional.

– Aí eu saí de Ubá e fui para Retiro, como coordenador de turma, ficando por lá uns dois anos. Posteriormente fui para o Luiz Ferraz. E algum tempo depois, no Colégio 10 de Maio, onde montamos uma chapa que venceu a primeira eleição para diretor no colégio, juntamente com as professoras Josefa, Lenice e Iara. Eram 3.400 alunos naquela época – diz Sylton.

E os anos passaram…

Veio outro concurso como professor, bem como a aposentadoria da primeira matrícula. Também surgiu um novo desafio, a assessoria comercial no Shopping do Pão. E, em 2016, um grande desafio à frente da Fundação São José, onde exerce o cargo de diretor executivo.

 – É realmente um grande desafio. Dentre as funções, colaborar com a organização administrativa, estrutura financeira, política de gestão de pessoas, marketing, dentre outras funções. Também estamos focando os nossos esforços com o intuito de reorganizar os cursos de licenciatura. Estou muito satisfeito com esse convite e espero colaborar com a Fundação São José – finaliza.

O site Itaperuna News se sente honrado e ter o educador Sylton Freitas na galeria de personagens do Projeto Personalidades. Muito obrigado e sucesso nesta mais nova empreitada!

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *