A importância da formação superior em Jornalismo

Por Gerson Luiz Martins

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O Jornalismo, assim como o Direito e a Medicina, sem qualquer comparação acadêmica-profissional (não cabe aqui debater a questão com profissionais destes dois campos), são consideradas profissões estratégicas para a sociedade. O Direito na defesa dos direitos do cidadão, a Medicina na construção de uma vida saudável e o Jornalismo na disseminação e democratização das informações e da vida em sociedade.

Assim como no Direito e na Medicina é inconcebível profissionais inadequadamente formados, preparados, qualificados; também no Jornalismo isso inadmissível. Todos sabem que um jornalista ou a imprensa de modo geral pode “matar” uma pessoa, pode destruir uma família, causar fortes prejuízos para uma sociedade. O que se pensar então de jornalistas “profissionais” sem formação adequada, em alguns casos, semialfabetizados?

Hoje muitos reclamam que a mídia, a imprensa, os jornalistas não traduzem os fatos de forma verdadeira. Que atuam conforme os interesses das empresas de comunicação e conforme os interesses dos grupos políticos mais expressivos, mais fortes. E por que isso acontece? Acontece por que não há independência editorial. Muitas empresas de comunicação estão diretamente, deve ratificar, diretamente dependentes economicamente do poder público, dos governos, dos políticos. Como haverá independência editorial, um trabalho jornalístico sério, isento com esta dependência?

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O ensino do Jornalismo deve ter como referência uma profunda formação humanística e sobre os valores essenciais da profissão. O professor José Marques de Melo destacou certa vez que “é fundamental ouvir a sociedade, porque o Jornalismo é o oxigênio da democracia”, afirmou. Eugênio Bucci também defendeu a necessidade de uma sólida formação humanística e em teorias da comunicação, disse ele que “não há Jornalismo fora do âmbito das teorias da comunicação”.

As pessoas esquecem que os jornais vão e vêm. O Jornalismo, não. As pessoas vão sempre precisar de notícia e informação. Sem informação não se administra um negócio, não se vende ingresso para o teatro, não se divulga uma política externa. Todos os dias, nos jornais das cidades grandes ou pequenas, repórteres vão à rua para fazer o que não é feito por mais ninguém. Com o advento e crescimento da internet os grandes produtores de conteúdo são agora as pessoas e não os editores tradicionais: as pessoas passaram de absorver conteúdos a produzi-los. Cerca de 80% dos conteúdos que existem atualmente na internet foram produzidas pelos próprios internautas, entretanto o conteúdo da internet não é Jornalismo, por mais que possa em muitos momentos se constituir em informação cidadã.

Para qualificar, filtrar e organizar esse conteúdo é necessário o trabalho profissional, qualificado do jornalista preparado num curso universitário específico de Jornalismo. A quantidade de informações disponíveis na internet é quase incomensurável, somente um profissional da informação, um jornalista qualificado pode organizar esse conteúdo para disponibilizar à sociedade.

Gerson Luiz Martins é jornalista, professor e pesquisador do PPGCOM-UFMS e membro da Comissão Nacional de Ética dos Jornalistas.

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