DORNELAS, E. S.
Sem querer entrar no mérito da questão “jornalista com diploma”, mas, já entrando e, confesso que esse não é o tema principal deste texto, em junho de 2009, quando o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que seria inconstitucional a exigência do diploma de Jornalismo (bem como o registro profissional no Ministério do Trabalho) para o exercício da profissão de jornalista, cometeu-se ali, atrocidade imensurável contra o Jornalismo. Naquela época, o então presidente do STF, ilustríssimo senhor ministro Gilmar Mendes, decidiu que o Decreto Lei n. 972/69 – que regulamentava a profissão – seria inconstitucional, por “ferir o direito constitucional de manifestação”.
Assim sendo e, permita-me citar a jornalista e advogada Roseli Raquel Ricas, em um de seus textos para a FENAJ (Federação Nacional dos Jornalistas), o jornalista precisaria somente de “dom” e não de um diploma. E aí ela complementa: “dom é para cantor, padre, pastor, artista, e mesmo para essas profissões, não basta apenas o dom, é preciso estudar, e muito! Aliás, para qualquer profissão é preciso ter dom, talento, perseverança, disciplina e estudar com bastante afinco”, escreve Roseli.
Enquanto todos estão lutando por qualificação profissional, buscando mais e mais conhecimento em suas respectivas áreas, realizando cursos de pós-graduação, mestrado, doutorado etc; o STF caminha na contra mão da História e comete essa atrocidade imensurável contra o Jornalismo (reforçando). Como mencionei no início, o foco principal não é referente ao diploma para o exercício da profissão, afinal, essa é uma longa discussão que envolve também o Jornalismo Cidadão, a atividade de blogueiro, o acesso às novas tecnologias à disposição de todos, ética profissional, sociologia, filosofia, dentre inúmeras outras questões, que poderão ser discutidas em outra oportunidade.
A ideia aqui é falar sobre uma Associação de Jornalistas Profissionais na Região Noroeste Fluminense. Por quê?!
Precisamos fortalecer a categoria, somar forças, criar uma identidade que nos credencie a lutar por melhorias para a classe e buscar parcerias que viabilizem melhores condições de trabalho. Nós precisamos ter representatividade e, para isso, é de suma importância que os profissionais da região estejam unidos. O intuito não é ‘inventar a roda’, afinal, temos o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro que nos prestam alguma assistência, entretanto, essa assistência é bastante limitada para nós, jornalistas residentes no interior.
Convênios, parcerias, tabela salarial, banco de empregos, visibilidade e credibilidade, cursos de qualificação, projetos assistenciais, assessoria e consultoria, todas essas atividades e outras mais, poderiam ser oferecidas pela Associação, beneficiando diretamente o associado e a sociedade de forma geral. Não tenho dúvida alguma que a sociedade também sairia ganhando, afinal, teria ao seu inteiro dispor, uma Associação primando pela qualidade da informação, valorizando o profissional formado em Jornalismo e o estimulando a buscar constantemente cursos de qualificação e aprimoramento.
E a região Noroeste Fluminense? Teria maior visibilidade. Teria uma classe de jornalistas profissionais lutando pelo desenvolvimento econômico, político e social de cada município. Somos 13 municípios que são os últimos a serem lembrados pelos governos Estadual e Federal, aqui no Estado do Rio de Janeiro. Hoje, tenho contato com jornalistas e veículos de comunicação em praticamente todo o Estado, agora, imagine 30, 40, 50 jornalistas articulando seus contatos com a imprensa?! Acredito que a região começaria a ter VOZ, e aí, permita-me escrever em maiúsculo. VOZ e futuramente VEZ!
Obviamente este é um assunto que merece muitas outras linhas mais e, principalmente, a colaboração de outros jornalistas. Essas palavras podem até parecer utópicas, como muitos vão pensar ou até mesmo afirmar. Mas, nós jornalistas precisamos sair da zona de conforto e acreditar em algo melhor para a nossa região. A Associação de Jornalistas Profissionais do Noroeste Fluminense é apenas um sonho e, para sair do campo das ideias, precisa que você, ‘coleguinha’, dê o primeiro passo.