Vagner Castro: de Itaperuna para a Antártida

DORNELAS, E. S.

Junho, Edição 42, 2019

ITAPERUNA, RJ – Nesta edição, o PROJETO PERSONALIDADES, idealizado pelo escritor e jornalista Eusébio Dornellas preparou uma matéria muito especial, com o itaperunense Vagner Castro, que contou um pouco sobre sua vida no exterior e como surgiu a oportunidade de ir para a Antártida. Mais uma personalidade que chega para ilustrar a nossa galeria, cada vez mais rica de boas histórias.

Falar sobre Vagner Castro, ou ‘Vadinho’, como era conhecido por alguns amigos, é motivo de muita satisfação. Quando adolescente, não era lá muito chegado aos estudos. Sempre rodeado de muitos amigos, fazia muito sucesso com as gatinhas (espero que a esposa dele não leia esse trecho), e levava a vida ‘di boa’, como dizem os adolescentes de hoje.

Formado em Análise de Sistemas pela UNIG, ainda cursou ‘Redes de Computadores’ no Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora (CES/JF) e ‘Análise e Projetos de Sistemas’ na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Em Itaperuna, estagiou por três meses e, posteriormente, foi contratado como analista de suporte técnico na CM-Sistemas (antiga Engenhar), onde trabalhou por dois anos. “Depois trabalhei por um curto período na FDC Sistemas”, comenta.

Logo após a formatura, Vagner fixou residência no Rio de Janeiro. “Quando me formei em 2006, mudei para o Rio, onde trabalhei com suporte de sistema na SnackControl, empresa de automação comercial. Eu fazia atendimentos remotos de sistemas para grandes redes de franquias como Bobs, Vivenda do Camarão e outras. Fiquei nessa empresa por um ano, apenas, e depois recebi outra proposta de emprego”.

Vagner acabou indo trabalhar em uma empresa terceirizada, dentro da Oi Telemar em Botafogo. “A empresa era de São Paulo e chamava AsGa Sistemas. Lá eu fui contratado como analista de dados. Lá, minha vida começou a mudar, para melhor. Trabalhei na empresa durante quatro anos, mas, sentia necessidade de melhorar profissionalmente. Então decidi me aventurar na Austrália, para aprender Inglês”, afirma ele.

VIDA NO EXTERIOR

A vida no exterior não foi fácil, mas, era um desafio a ser enfrentado e vencido. “Eu me mudei para Melbourne, no Sul da Austrália. Larguei tudo no Brasil! Vendi meu carro e gastei toda minha economia para me aventurar no exterior. Fiquei na Austrália por dois anos e três meses. Vivi uma grande experiência, conheci pessoas de todo o mundo, culturas diferentes e dei o meu melhor para aprender a língua o mais rápido possível. Minha namorada e hoje esposa, que havia ficado no Brasil, se mudou para lá também, após, um ano longe. Depois nos casamos, lá, pela primeira vez; e em 2016, no Brasil”, diz.

Na Austrália, ‘Vadinho’ teve encarar outros tipos de trabalhos. “Após o primeiro ano morando na Austrália, trabalhando como faxineiro, barman e lavador de carros, eu já estava com o Inglês avançado. Então, comecei a procura por emprego na minha área. Me candidatei para uma vaga de TI, onde estou até hoje. Eles precisavam de alguém que sabia Inglês e Português, pois, havia um projeto que estava indo para o Brasil, na Amazônia. Foi quando me chamaram para uma entrevista no Norte da Austrália e consegui a vaga. Mas, somente depois de um ano, o projeto iniciaria. Foi quando me mudei para o Brasil, para começar a trabalhar nesse projeto específico”.

ANTÁRTIDA, AÍ VOU EU…

Integrado à equipe do projeto ARM (Atmospheric Radiation Mesuraments), ou Medições de Radiação Atmosférica, ele já estava pronto para a aventura na Antártida. “É um projeto enorme, patrocinado pelo governo dos Estados Unidos. São sete centrais espalhadas pelo Mundo, incluindo uma aeronave equipada com vários instrumentos de pesquisa atmosférica.  A minha central é chamada AMF1 (ARM Mobile Facility), é basicamente uma central móvel de pesquisa do clima, com aproximadamente 80 instrumentos de pesquisas, incluindo radares de nuvem e ventos, instrumentos para medição de partículas de aenosol, radiômetros para medição de radiação, lasers para captação de nuvens e vários outros equipamentos meteorológicos”, explica.

Além disso, eles realizam o transporte e a implantação da central com 15 containers de 20 pés, incluindo quatro geradores de energia. “Esse projeto já funciona há mais de 20 anos em quase todo o mundo. Eu estou no projeto há quase cinco anos e já morei em Manacapuru no Amazonas, durante dois anos. Depois fui para uma ilha Britânica chamada Ilha da Ascensão, onde fiquei por um ano e nove meses. Essa ilha fica no Oceano Atlântico”.

Atualmente ele é responsável por uma estação móvel (mais reduzida), com 64 equipamentos a bordo de um navio Icebreaker (quebra gelo) de 96 metros, que faz o reabastecimento das quatro estações na Antártida, que pertencem à Austrália  (Mawson, Davis, Casey e Macquarie Island). O navio inicia as operações todos os anos em outubro e finaliza em março. Sai de Hobart no Sul da Austrália, abastece a estação com mantimentos, combustível e pessoas que trabalham nas estações por um ano. Esse navio vai e volta para a Austrália, no total de quatro viagens para a Antártida. Vagner já participou de duas viagens desse tipo.

Sobre o Continente Gelado ele afirma ter sido uma experiência única. “Levarei para o resto da vida! Foi a primeira vez que vi icebergs, pinguins, elefantes marinho e muitas espécies de pássaros, como o albatroz. Conheci pessoas com experiências de vida incríveis, dentre elas, uma das capitãs do navio que é ativista e já salvou muitos refugiados do Oriente Médio e que também é capitã de um dos navios do Greenpeace. Fiquei embarcado por 68 dias no navio Aurora Australis, com ondas, às vezes de até 15 metros, mas, não me arrependo nem um pouco, faria tudo novamente”, garante.

Em abril de 2018, ele vai para os Estados Unidos realizar outros cursos e já está se preparando para o próximo trabalho, em Córdoba na Argentina. “Em 2019 estou indo para Noruega e depois Polo Norte. Hoje, minha casa é o Mundo. Não pretendo voltar para o Brasil agora, talvez no futuro. Gostaria de me aposentar em Itaperuna, mas, ainda falta muito para isso acontecer, no mínimo uns 15 anos”, finaliza.

Vagner Castro estará em Itaperuna no dia 06 de abril de 2018, para rever amigos e familiares. Nós, do site Itaperuna News temos orgulho de você, meu amigo, e estamos na torcida para que suas aventuras/trabalho continuem assim, sucesso em prol da coletividade. Parabéns e seja muito bem-vindo à galeria do PROJETO PERSONALIDADES!

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *